Quantos equipamentos são necessários para fazer um cartão de visita?

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Lâmina com diversos cartões de visita
Lâmina com diversos cartões de visita

Você enviou sua arte para a gráfica. Eles prometem entrega em 24 horas.

Você pensa? Vão imprimir numa impressora um pouco melhor que a minha e amanhã estará pronto!

Tem certeza disso? A produção gráfica é muito mais complexa do que você imagina.

Como é feito um cartão de visita?

Depois que você envia a sua arte, um processo se inicia, muitos equipamentos serão usados para levar um produto de qualidade as suas mãos.

São equipamentos caríssimos. A industria gráfica é uma das mais caras para iniciar um negócio. As velocidades e volumes também são imensos.

Já abordei no meu post “Impressão em grupo: o segredo do cartão de visita barato” mais ou menos como é o processso.

Acompanhe agora o processo como um todo e conheça vários equipamentos utilizados.

Impressora de prova usada para verificar cores
Impressora de prova usada para verificar cores

Computador:

Não é porque mandou a arte pronta que não vai haver outro computador do outro lado. O seu cartão ao chegar tem a arte analisada e são corrigidos bugs que podem comprometer a impressão. Depois é montada junto a cartões de outros clientes numa matriz de cartões que tem de 40 a 100 cartões aproximadamente. O importante aqui é ter muita memória e poder de processamento, pois os arquivos são enormes. Desta etapa pode-se fazer provas de impressão em impressoras desktop de várias portes ou enviar o arquivo para uma imagesetter  ou platesetter.

Impressora desktop para provas:

A sua impressora de casa pode ser usada para prova. Mas pode-se usar equipamentos mais apropriados. Ela pode ter tanto do tamanho A4 até o tamanho da impressão final da chapa (cerca de 1 metro). O detalhe é esta impressora estar perfeitamente calibrada, mantendo a mesma cor do monitor e da impressão offset final. Para isto usa-se aliado a estas impressoras sistemas de gerenciamento de cores avançados, criando perfis adequados por todo o processo. Pode ser que seu micro ou impressora não representem a cor que você estava pensando,mas na gráfica, o arquivo que chegar (certo ou errado) irá passar por todo o processo do mesmo jeito que chegou. Se você vai trabalhar sistematicamente com uma gráfica revendendo cartões, pode valer a pena fazer uma régua de calibramento e imprimir para poder calibar os seus equipamentos. Com seu original na tela, ajuste seu monitor para mostrar as mesmas cores que o cartão impresso. Não mexa no seu original, apenas nos ajustes da tela e perfis de calibração de cores do seu editor de imagem. Acompanhando o nosso Curso de CorelDraw você vai aprender como fazer isto.

Imagesetter usada na produção de filmes (Fotolito)
Imagesetter usada na produção de filmes (Fotolito)

Imagesseter:

 A Imagesseter ou “fotolito”, como todos acabam chamando, é a próxima etapa. Este equipamento nada mais é que uma impressora a laser, super sofisticada, que imprime já separando as cores em quatro (ou mais) chapas preto e branco. A impressão é feita diretamente no filme fotográfico. Quando falo super sofisticada, é porque a resolução atingida é enorme, assim como os custos destes equipamentos. De tão sofisticado tem quase sempre um computador dedicado a eles, chamado de RIP. Tipicamente trabalham com rolos de no mínimo uns 35 cm até cerca de 1 metro de largura. Ela não trabalha sozinha, pois é necessário revelar a chapa no próximo equipamento.

Reveladora:

Este equipamento pega os filmes gerados pela Imagesetter e revela para que a impressão fotográfica fique estável. É um equipamento igual ao usado na revelação das chapas de Raios X. Ele nada mais faz do que fazer o tratamento químico do fotolito. Somente a partir daqui que podemos realmente chamar o resultado de fotolito.

Montadora de chapas:

Esta etapa nem sempre possui um equipamento apropriado. A montagem das chapas consiste em colocar  uma chapa pré-sensibilizada numa mesa e fixar o fotolito sobre a mesma, repetindo o processo para todas as chapas da policromia. Algumas vezes usam-se mesas com réguas e iluminação apropriada para facilitar o trabalho. Pode-se fazer montagens nesta etapa, mas hoje isto não é mais comum. O objetivo é deixar estas montagens na mesma posição exata, evitando ter que ajustar as chapas na impressora offset (reduzindo assim o custo de impressão).

Gravadora de chapas:

Uma vez montada as chapas, coloca-se a mesma numa caixa, sobre um vidro, voltada para baixo. Sobre ela temos um sistema de vácuo, com objetivo de manter a chapa bem colada a este vidro. Daí gira-se o dispositivo e aplica-se uma luz por cerca de alguns minutos (previamente calculados). Esta é a gravação da chapa.

Banheiras de revelação:

Este não é um equipamento propriamente dito. É uma área onde se faz um processo químico muito similar ao da revelação dos fotolitos, para fazer a fixação da imagem das chapas.

As Platesetter reduzem etapas no processo gráfico.
As Platesetter reduzem etapas no processo gráfico.

Platesetter:

Eu disse a alguns passos atrás que poderia-se usar tanto a imagesetter quanto a platesetter. Você viu que o processo acima é bastante demorado e complexo. Quanto mais complexo, maiores o custo e a chance de erros. Há muitos anos atrás não seria possível gravar diretamente a chapa. Hoje já é possível e vem se tornando padrão de mercado. A platesetter pode vir separada ou acoplada diretamente a máquina offset. As resoluções estão cada vez maiores e já estão destronando os fotolitos. Existem máquinas offset que fazem inclusive o posicionamento e descarte automático das chapas, economizando mão de obra e tempo de processo, melhorando muito a qualidade.

Impressora offset com 4 torres
Impressora offset com 4 torres

Máquina Offset:

A máquina ou impressora offset é um equipamento que transfere tinta para as chapas e a aplica direta ou indiretamente para o substrato (papel). Quando falo indiretamente, é que a grande maioria, para não dizer a totalidade das máquinas usa um rolo intermediário chamado blanqueta. Estas máquinas podem ter de 1 a 10 torres de impressão. Quando tem apenas 1 ou 2 torres é necessário passar todas as folhas com esta 1 ou 2 cores e depois voltar a imprimir sobre estas mesmas folhas, repetindo o processo de 2 a 3 vezes, até que todas as cores sejam aplicadas. Este é o chamado processo CMYK de aplicação de cores. Nem preciso falar que uma máquina que faça tudo de uma vez é muito mais preciso que aqueles que usam apenas 1 torre. Este é o equipamento mais caro da gráfica. Atinge velocidades da ordem de 10 mil folhas por hora. Daí ser inviável rodar serviços pequenos. Só o ajuste dela pode consumir até uma 100 folhas (10.000 cartões de visita), que serão jogados no lixo. Quanto mais afinado o processo de pré-impressão, menor o gasto neste ajuste. Em outros post teremos bastante o que falar deste equipamento. Ela pode vir acoplada a uma envernizadora que pode fazer o acabamento in-line dos cartões de visita, ou pode-se fazer este processo em separado.

Envernizadora UV:

Este equipamento é uma máquina offset adaptada para impressão de chapa inteira com verniz. O processo UV permite passar mais verniz e só depois fazer a secagem UV in-line ou em máquina separada, acoplada a primeira. No mercado temos cartões com verniz UV e plastificados.

Plastificadora:

Este equipamento aplica um filme de plástico transparente, usando pressão e calor, sobre as folhas já impressas. Pode aplicar a laminação brilho ou fosca, dependendo do produto a ser produzido.

Máquina de verniz UV para acabamento
Máquina de verniz UV para acabamento

Verniz UV:

Existem cartões de visita que levam um processamento de laminação fosca seguido de uma camada de verniz localizado, ou seja, só há brilho onde o criador do cartão deseja. O processo é usualmente silk-screen, podendo em alguns caso ser feito em máquinas offset adaptadas. É um processo bem lento, pois é complexo, muitas vezes manual e se exige muita qualidade.

A guilhotina é um equipamento imprescindível
A guilhotina é um equipamento imprescindível

Guilhotina:

Os cartões não são cortados  um a um. São agrupadas cerca de 250 folhas, batidas para que fiquem alhinhadas (pode ser feito em equipamento específico) e colocadas sobre um equipamento que faz o corte em lote dos cartões de visita. Existe uma grande quantidade de modelos de impressoras, trazendo funcionalidades diversas para facilitar o trabalho.Hoje elas tem cortina de ar, para que as folhas flutuem sobre a mesa. São programáveis, marcando os pontos de corte. Tem proteções diversas para evitar acidentes (elas cortam fácil um braço). Nenhuma gráfica sobrevive sem um equipamento deste.

Empacotamento:

A partir deste ponto, basta separar os lotes de cartões e colocar em caixas para entrega aos seus compradores.

Pensou que era fácil?

Veja bem! Tudo isto se passou naquelas 24 horas que você achava muito tempo.

Quanto custa tudo isto. Um  parque gráfico deste não sai por menos de R$ 1.000.000,00 (milhão, isto mesmo)!

É claro que estas gráficas não nasceram com um investimento deste. Elas começaram por baixo fazendo materiais monocromáticos e foram migrando de equipamentos até chegarem a esta complexidade.

Hoje já existem impressoras com qualidade próxima a offset com custos de impressão aceitáveis. A impressão ainda sai mais cara, mas é só questão de tempo até baratearem.

É a oportunidade de entrar no mercado. Não é a toa, que quase todas as grandes gráficas, já adquiriram as suas. Elas não querem ficar fora do mercado.

Agora quando pedir aquele seu cartão de visita, lembre-se de todo este processo, do número de pessoas que estão envolvidas nele e veja o que estão fazendo para te atender sempre melhor.

Até nosso próximo post.

27 COMENTÁRIOS

    • Vou ficar te devendo. Me afastei um pouco do meio grafico e hoje terceirizo 100% minha produção. tem muitos equipamentos novos.
      recomendo que procure grupos de graficos na web e no whatsapp e que se possivel va as feiras graficas. tem uma tradicional em São Paulo que eu acho que é anual, entre março e abril. La vai poder ver os equipamentos

      • Jefferson,
        Em geral as impressoras laser perdem da qualidade da impressão offset. Pela natureza do toner usado nessas maquinas fica um brilho sobre a impressão que denuncia que se trata de laser e alem disso o toner “quebra” quando a folha é dobrada.
        As impressoras laser de produção, ou seja, aquelas que em geral custam acima de uns R$ 40 mil (nova) usam um toner mais fino que minimiza esse problema e as maquinas que custam acima de uns R$ 100 mil praticamente resolveram esse problema. Isso precisa ser verificado caso a caso olhando a impressão.
        Para quem esta começando agora no ramo eu costumo indicar as maquinas da Ricoh 2051 ou superior ou as Konica-Minolta mais caras. Você consegue comprar uma maquina dessas usada por uns R$ 5 mil e tem um bom custo benefício com uma boa impressão… ainda não é igual a offset, mas é bem melhor do que as maquinas de mesa comuns do mercado. Elas já enganam e servem como um primeiro passo para migrar para maquinas maiores depois.
        Mas tenha em mente isso, em geral, o preço da impressora dá uma indicação que ela se aproxima da offset… mas não é uma regra total, pois tem muita diferença entre as maquinas.
        Um grande abraço,

      • Não vendo papel.
        Mas é relativamente facil de achar papel. Os principais fabricantes tem representantes em quase todos os estados. e papel fotografico vende em quantidade no mercado livre.
        Eu terceirizo atualmente toda a minha produção. Não compensa imprimir meus próprios cartões. Só faço isso em casos de extrema necessidade a alto custo.
        Abraços,

  1. Paulo bom dia minha pergunta é, de um mero principiante, estou com vontade de ter um lucro a mais, e gostaria de saber o seguinte, eu desenvolvendo as arte de cartão de visitas, banners, convite de aniversários etc, a gráfica pode fazer os serviços de impressões e eu cobro o valor encima é isso ?

    • É isso aí marcos.
      Você sabe que a maioria dos leitores que está iniciando vem com a idéia que basta comprar uma pequena impressora e vai produzir muito mais barato do que as grandes gráficas?
      A coisa é bem mais complicada do que isso.
      A boa notícia é que pode-se terceirizar impreção com essas gráficas hoje em dia a um custo irrisório.
      Abraços,

  2. estou querendo entrar no ramo de impressões no geral, cartões, folders, crachas, panfletos, e tudo mais.

    se puder entrar em contato comigo preciso de alguma ajuda, estou começando a usar o serviço terceirizado, oque devo comprar primeiro já que meu forte é cartões de vizita?

    obrigado desde já!
    fb.com/jocemar.paiva

    • Jocemar,
      Chegar ao ponto de se livrar da terceirização é bem difícil.
      Os equipamentos usados para fazer os cartões de visita que você pega terceirizando passam de 1 milhão de reais. E além disso exigem que se tenha uma demanda monstruosa de impressão para valer a pena a compra de tais equipamentos.
      O que você pode pensar seriamente é em ter uma impressora laser de produção para fazer os serviços dos apressadinhos, que não se importem em pagar mais caro.
      Esse é o meu conselho para todo mundo. Começa terceirizando, depois compra um equipamento laser de produção e guilhotina para atendar a demanda “especial” e só depois de chegar a uns 60 milheiros diários é que se pode pensar em adquirir uma offset… aí você planeja se é bom negócio ou não dar esse salto.
      Abraços,

  3. olá estou com um projeto de montar gráfica, em uma cidade que não tem, estou meio que perdida pois não sei qual as maquinas comprar e a onde comprar, gostaria de saber se você pode me ajudar, nessa gráfica quero fazer cartão de visita, panfletos, adesivo impressos, crachás, tirar xerox, colocar um mini lan house, que te tenha encadernação e plastificação , carimbos e muitos outros… o maior problema é que não sou do ramo, então não sei nei por onde começar, por favor me ajudar…

    • samylly,
      Minha sugestão é seguir o seguinte caminho.
      Primeiro usa um computador e uma impressora comum para fazer as artes e rodar em distribuidores como a http://www.atualcard.com.br . Verifica qual o que vai te atender melhor na sua região, levando em conta o local que vai pegar o material ou o valor do frete. Tem um monte de opções no meu blog… passeia por lá.
      Depois que começar a pegar experiencia com os produtos, escolhe um local para montar sua mini lan house e separa uma área para colocar uma copiadora PB e uma impressora/copiadora como a que falei em https://www.cardquali.com/dica-de-impressora-ricoh-aficio-mpc-6000-7500/ . A Minolta também parece uma boa máquina. Além disso vai precisar de uma guilhotina de produção e máquinas de encadernação, plastificação, etc. Pode ir comprando aos poucos de acordo com a sua procura.
      Os serviços com menor custo serão os terceirizados. Os demais equipamentos terão custo maior, mas vão atender ao público que não pode aguardar a chegada do material (“os apressadinhos”).
      Bem… este é o processo em linhas gerais… pode ir consultando a medida que avança que teremos prazer em responder.
      Abraços,

  4. Ola tudo bem gostei muito do post eu to pesquisando na internet qual e a melhor maneira de começar a fazer cartão de visita eu tenho muita criatividade eu fis um cartão de um bico que eu faço e como que eu posso começar desde lá de baixo das máquina mais simples e que eu posa aprender aos pouco

    • Já andei respondendo esta pergunta. No seu caso a melhor forma é terceirizar a produção nos grandes distribuidores. Tem gente vendendo o milheiro por até R$ 16,00. Não tem como atingir a qualidade offset e o custo que vem sendo oferecidas. São máquinas que custam mais de R$ 500 mil. Uma impressora laser fica longe tanto em termos de qualidade, quanto em termos de preço.

  5. 90% de todas as gráficas que preparam cartões de visita não sabem nem da existencia destes equipamentos aquí citados, essa é a mais pura verdade !

    • Você está certo!
      A maioria dos gráficos de pequeno porte nunca tiveram acesso a linha de produção e nunca se interessaram em visitar feiras como a FIEPAG.
      Daí não conhecem o mercado onde atuam.

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