Impressão em grupo: o segredo do cartão de visita barato

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Ao pesquisar preços na internet, algumas pessoas ficam com medo de fazer seu cartão de visita com as empresas que tem preços muito baixos.Quem tem mais tempo no mercado chega a se surpreender com a redução de preços dos últimos 10 anos. O milheiro de cartão que custava na década passada por uma centena de reais, custa hoje algumas poucas dezenas de reais. Uma redução de mais de 90% do preço antigo. Não é a toa que se desconfie do preço.

Neste post mostraremos o segredo que levou a esta imensa redução de preços.

Um pouco de história:

Antigamente os cartões eram quase artesanais, feitos pelo processo de tipografia. Existiam no mercado cartões previamente cortados, com adornos em dourado e a impressão era feita diretamente neste substrato.

Para fazer um cento de cartões o profissional levava quase um dia e o preço atingia (a valores atualizados para hoje) cerca de R$ 300,00 o cento.

Antigamente a tipografia era responsável pela maioria dos cartões de visita
Antigamente a tipografia era responsável pela maioria dos cartões de visita

Na década de 80/90, a informática teve um grande avanço na área gráfica, permitindo a redução dos preços do processo offset, permitindo a confecção de cartões de melhor qualidade, em maior quantidade e por um menor preço.
O valor dos cartões caiu para a faixa de R$ 150,00 o milheiro (valores atualizados).
A informática avançou tanto que começou a interferir nas vendas pelo processo gráfico. Impressoras a laser e a jato de tinta começaram a tirar espaço da impressão offset, principalmente nas menores tiragens.

Comparativo entre os processos de impressão:

TIPOGRAFIA

Positivo: As balancinhas douradas são procuradas até hoje por alguns clientes. É possível fazer em offset ou hotstamp, mas o cliente se recusa a pagar o valor justo do produto.

Negativo: Demora, falha na impressão, preço alto.

OFFSET TRADICIONAL

Positivo: rapidez e baixo custo para médias tiragens.

Negativo: custo alto p/ dourado e para impressão colorida.

LASER

Positiva: baixo custo em preto e em pequenas tiragens.

Negativo: Papel mais fino (180 gr contra os 250 a 300 gr da offset). Tende a descascar o toner com o tempo.

JATO DE TINTA

Positivo: Permite uso de cor, baixo custo para pequenas tiragens.

Negativo: Papel mais fino, a tinta borra.

Como estava o mercado:

Impressão Jato de Tinta
Impressão Jato de Tinta

Com a entrada forte das impressoras a laser e a jato de tinta, as gráficas de médio porte, com altos investimentos em equipamentos caros (uma impressora offset de 4 torres custo algo em torno de 1 milhão de reaIs), se viu em maus lençóis.

As gráficas pequenas trataram de se atualizar e se adequaram a nova forma de trabalho.

O mercado sofreu uma enxurrada de “designers” de fundo de quintal que viram a oportunidade de ter seu negócio próprio.

Aqueles que não se adequaram ao novo processo tiveram que fechar as portas. As gráficas de médio porte tiveram que se ajustar.

O pulo do gato

Juntando os pontos positivos do processo offset, alguns profissionais começaram a avaliar as possibilidades.

A saída era produzir impressos com a qualidade offset, coloridos, com aplicação de acabamentos impossíveis para pequenas tiragens como laminação e verniz UV.

Isto era impossível para pequenas tiragens, pois uma “chapa” dessas sai por mais de R$ 1.000,00.

Pulo do gato: Lamina de cartões de visita de diversos clientes
Pulo do gato: Lamina de cartões de visita de diversos clientes

O que poderia ser feito?

O pulo do gato era PADRONIZAÇÃO e IMPRESSÃO EM GRUPO.

A padronização era necessária para permitir se juntar diversos clientes numa mesma chapa. Padronizou-se com o melhor material possível: papel grosso de melhor qualidade (couchê ou duodesign), impressão em grandes equipamentos, com excelente registro. Acabamento em laminação, verniz ou ambos, impressão em ambos os lados do papel em cores.

Mesmo assim era necessário executar o trabalho num baixo tempo. Como conseguir clientes o suficiente para fechar uma chapa?

Esta foi mais fácil de resolver.

Com uma infinidade de gráficos de pequeno porte imprensados pelos baixos custos, foi fácil conseguir parceiros para juntar clientes e permitir a impressão dos cartões.

Com isto o custo de R$ 1.000,00 ficaria rateado por cerca de 60 clientes, ficando assim com um custo de produção na faixa dos R$ 17,00 por cliente. Isto permitia ao fabricante vender com folga este produto na faixa dos R$ 25,00 para distribuidores que repassariam o produto por cerca de R$ 35,00 para as revendas.

O cliente foi agraciado com um produto de qualidade sem igual por valores que ficavam entre R$ 60,00 e R$ 120,00 o milheiro, dependendo da qualidade da arte final do vendedor.

Com isto houve a volta ao equilíbrio de mercado e a qualidade no atendimento e na produção vem ajustando aqueles que merecem ficar no mercado.

Saiba que isto é uma invenção de brasileiros, mostrando a nossa competência em situações de crise.

 

6 COMENTÁRIOS

    • Igor,
      Pela postagem que acabou de ler deve ter entendido que não existe uma maquina de fazer cartão de visita e sim diversas máquinas que em conjunto obtem esse resultado.
      O cartão padrão de mercado é feito numa máquina offset de cerca de 1 milhão de reais, mais uma platersetter de Uns R$ 100 mil, mais guilhotinas de R$ 30 mil, aplicadoras de verniz de R$ 40 mil e por aí vai. Sem falar na grande quantidade de funcionarios.
      Você pode fazer cartões em uma jato de tinta e cortar no estilete, mas não vai chegar nem perto da mesma qualidade.
      Por isso o mercado funciona do seguinte modo: Os pequenos se concentram em fazer as arte e vender. Mandam as artes para os grandes distribuidores que produzem o material e enviam para a revenda. Daí o revendedor leva e entrega para o cliente.
      Não se iluda achando que vai gastar uns R$ 2 mil e vai detonar o mercado com um serviço de alta qualidade… tem muito mais aí nessa conta. Mesmo alguns equipamentos atingindo qualidades próximas a offset ainda tem muita coisa envolvida como o acabamento, corte, etc.
      se quer entrar no mercado leia esse artigo https://www.cardquali.com/grafica-montando-um-pequeno-bureau/ ou este https://www.cardquali.com/guia-vendedor-grafico/
      Abraços,

    • Vou dar apenas uma noção, pois os valores variam bastante com a qualidade dos equipamentos.
      Uma máquina com 1 torre (1 cor) sai por uns R$ 50 mil… Uma cromia tem que passar várias vezes o papel pela máquina, mudando a cor a cada passada.
      Uma máquina bicolor vai para a faixa dos R$ 150 mil … teoricamente com 2 passadas se resolve uma cromia.
      Uma máquina fullcolor (4 cores) sai por uns R$ 600 mil… fica bem mais rápido a impressão, pois passa-se o papel apenas uma vez.
      As máquinas usadas normalmente vão destas de R$ 600 mil até uns R$ 2.000 mil dependendo da qualidade que se quer.
      Tiragens muito pequenas e público não muito exigente podem ser atendidos pela máquina de R$ 50 mil… tendo um excelente impressor pode-se fazer trabalhos até melhores que nas bicolores ou full color, nas mão de operadores medíocres… aqui a mão de obra faz muita diferença.
      Abraços,

    • Sim. É aplicado na chapa toda. Não é possivel aplicar isoladamente. O cartão grudaria na tela e não haveria registro.
      Obrigado pela visita.

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