Conheça melhor os formatos de papel e economize na hora de imprimir

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Seja você um designer, arte finalista ou prestador de serviços gráficos existe um conceito que é primordial no desempenho de sua função: Conhecer e dominar BEM os formatos de papel disponíveis, tanto no padrão gráfico quanto no padrão comercial.

Existem dezenas, se não centenas de formatos de papel disponíveis no mercado gráfico e comercial, e conhecer bem suas dimensões e otimizar seu uso pode lhe render um bom dinheiro no final de um projeto. Geralmente quando procuramos uma gráfica somos abordados pelo atendente a informar qual o formato desejado para nosso impresso, este formato influencia diretamente no orçamento, e pode custar ainda mais caro se seu material não seguir o padrão gráfico para melhor aproveitamento de papel.

Isso ocorre porque a indústria gráfica usa padrões que otimizam o aproveitamento de papel a fim de evitar desperdício na hora do corte. É função do arte-finalista, designer, ou a pessoa que fecha o arquivo para produção das chapas definir qual o melhor formato final para o material impresso. Digo final pois as possibilidades são muitas, mesmo que seu material seja pequeno ele pode, e deve, ser impresso em um formato maior para cortar custos.

Onde trabalho esta questão é uma dor de cabeça para os novos profissionais, principalmente quando tenho que treinar novos arte-finalistas. Qual o melhor formato para produzir (criar a peça) e imprimir são questões que assombram a mente dos pobres coitados aprendizes. Isso porque quando se produz uma peça, de um panfleto por exemplo, você já deve ter em mente o formato do panfleto (como ele ficará quando pronto), medidas de sangria, área de segurança e tudo isso deve ser calculado pensando no formal de saída (aquele em que o material será impresso).

Um exemplo bem simples é a impressão de cartões de visitas, existe um padrão ABNT para o tamanho do cartão, mas vamos o tamanho popular de 5×9 cm. Claro que você não vai imprimir um cartão por vez, em uma folha de papel do tamanho 50x90mm (eu prefiro os milímetros), você vai usar uma folha maior, seguindo o padrão gráfico para impressão, e considerando apenas 100 unidades de cartões, eu usaria o Formato 9 (220x320mm) isso me permitira colocar cerca de 12 cartões em apenas uma página, 2 na horizontal e 6 na vertical, como você vê na imagem abaixo.

Distribuição dos cartões

Isto me custariam 9 páginas impressas e no final das contas eu teria um total de 108 cartões (8 a mais do que eu realmente preciso, mas isso é bom por questões de triagem). Agora imagine se eu precise de 10.000 unidades destes mesmos cartões. Eu precisaria de 834 folhas impressas no formato 9, e claro, eu não usaria mais este formato.

Primeiro: Eu levaria muito mais tempo para imprimir 10.000 cartões neste formato do que levaria se escolhesse um maior, com o dobro de tamanho por exemplo.

Segundo: Eu escolheria o formato maior porque ele também me faria economizar papel, quanto menor eu corto uma folha, mais estou desperdiçando com questões de espaçamento e margem, já que a impressora gasta cerca de 5mm de cada lado para puxar o papel, ainda mais se for impressão offset, eu gastaria no mínimo 1cm de margem de “pinça” de cada lado do papel, ou seja, 2 cm a menos no final das contas em cada pedaço de papel.

Eu posso estar parecendo um tanto confuso nestas questões, ainda mais se você não faz ideia de como se dá o processo de impressão. Mas de uma forma direta, o que você precisa saber é que se você não escolher um formato ideal, que siga padrões de indústria gráfica você vai estar gastando mais dinheiro por causa do desperdício de papel.

Pensando nisso resolvi trazer a tona a discussão sobre os formatos disponíveis, e qual a melhor forma de aproveitar estes formatos.

PADRÃO COMERCIAL

Vamos falar de dois padrões comuns, os mais usados. Um deles é o Padrão Comercial, regido pela ISO 216, é o formato encontrado em papelarias e usado em quase o mundo todo. Em particular, são definidas as séries A, B e C, das quais faz parte o formato A4, A3, de uso mais comum.

Este formato não é muito utilizado pelas gráficas, geralmente porque estas compram papel num formato específico para o seu ramo de atividade. O uso de padrão comercial se justifica apenas quando há a necessidade de usar papeis especiais disponíveis apenas nestes padrões.

Observe na imagem a baixo a tabela de corte do formato comercial, através de uma folha matriz (A0) todas as demais podem ser subtraídas geralmente dividindo o tamanho do formato imediatamente maior pela metade. Por exemplo, A0 é a olha matriz inicial, para se obter o A1 você divide o A0 ao meio, para se obter o A2, basta dividir o A1 ao meio e assim sucessivamente até que se chegue no menor formato possível.

Padrões de papel comercial

 

Você pode conhecer os demais padrões comerciais e suas subdivisões no site da PrimaPress.

Estes papeis são mais comuns para impressão doméstica, já que equipamentos comercializados para o público em geral usam estes padrões como referência. Sem contar que é muito mais fácil e prático de se usar quando o assunto é impressão em pequena escala, e também quando não há a necessidade de recursos de impressão, como a sangria.

PADRÃO GRÁFICO

Aqui vamos abordar o padrão mais usado no meio gráfico, e preparem-se pois é aqui que o bicho pega!

O padrão mais usado nas gráficas do Brasil é o 66×96 (660mmx960mm), embora existam outros não tão conhecidos, este é adquirido em pacotes em grande escala para que sejam depois cortados e sub-dividos nos formatos de saída de cada equipamento usado pela gráfica. A folha inteira de papel chamamos de FORMATO 1, ou para os mais íntimos apenas F1 (“F” de Formato… óbvio né :D), e a partir deste padrão, seguindo critérios muito semelhantes do padrão comercial obtemos os formatos menores, geralmente dividindo as folhas maiores ao meio, mas é aí que está a grande sacada! Nem sempre dividir um pedaço de papel maior ao meio é a melhor solução de aproveitamento!

Existem aqui diversas maneiras de se chegar a um formato que seja o ideal para o processo de impressão. Nem sempre a solução mais óbvia é a melhor, muitas vezes encaixar um formato menor em outro com o dobro do tamanho pode fazer você gastar mais ainda! Daí vem uma série de habilidades matemáticas e principalmente técnicas para se ter o melhor resultado.

Não quero estender este assunto e expor coisas que só se aprende praticando, infelizmente não tenho um formula pronta para escolher o melhor formato, isto você infelizmente tem que decidir junto com o seu impressor, e principalmente de acordo com as limitações do equipamento usado para impressão. Existem máquinas que imprimem até o formato 1, apenas o formato 2, formato 4 e assim vai, cada equipamento tem sua bandeja e aceita até um limitado tamanho máximo de papel.

Para quem trabalha desenvolvendo os projetos (e foi para eles que pensei em escrever este artigo) escolher pelo menos um dos formatos padrões já está de bom tamanho, e dominar o correto manuseio deste formato no desenvolvimento de seu projeto é habilidade rara.

Você sabe por exemplo as medidas exatas para se produzir um folder F9 (daqueles de uma folha A4 dobrados em três partes)? Você sabe qual o tamanho ideal para um flyer de lâmina no formato 27 (Aquele que dá 3 em um afolha A4)? ou sabe qual o tamanho ideal para produzir um folheto F18 (dos que são metade de uma página A4, ou uma folha A5)?

Observe que quando eu falo no formato gráfico (9,27,18) você pode nem saber do que se trata, mas quando uso um formato comercial (A4, A5) você provavelmente já projete o formato em sua mente. Isso infelizmente é um erro! Não porque o formato está errado, mas porque usar um padrão comercial para desenvolver um projeto que vai ser impresso em um padrão gráfico irá fazer você perder dinheiro, porque o papel será cortado de maneira que satisfaça a sua necessidade, mas que irá trazer prejuízo para a gráfica, e consequentemente, seu trabalho sairá mais caro.

Pensando nisso, disponibilizo para você uma tabela contendo todos os formatos mais utilizados na maioria dos projetos gráficos, e aceitos por 99,9 % das gráficas do mundo todo. Esta tabela pertence a uma empresa gráfica, e contém além dos formatos de corte, a área útil que pode ser usada para desenvolver a arte do projeto.

A tabela ainda contém uma informação importante para o corte, onde você deve dar o primeiro GOLPE para cortar no formato correto!

Para designers e arte finalistas a informação importante é a que está em azul, que define exatamente o limite que você pode usar para colocar a sua arte, levando em consideração o tamanho final da impressão. Ou seja, se pretendes imprimir o seu material em um formato grande, F4 por exemplo, você pode usar toda a área desta página para colocar quantas cópias do seu projeto quiser, a folha mede 330x480mm, considerando a margem de PINÇA, você pode usar uma área total de 310x460mm para colocar sua arte, ou várias cópias dela se for em um formato pequeno.

Use e abuse desta tabela, imprima em uma folha grande (A3?) e cole na parede ao seu lado! (Eu fiz isso!) e sempre que for desenvolver um material, pare, pense no formato do seu projeto, pense no formato que ele pode ser impresso para aproveitar ao máximo o papel, e depois desenvolva-o seguindo o formato escolhido para impressão final. Assim você economiza, desenvolve um projeto seguindo um padrão, e ainda satisfaz tanto ao seu cliente quanto a sua gráfica!

DICA IMPORTANTE: Geralmente quando você recebe a arte de um cliente, esta foi desenvolvida sem o conhecimento dos formatos padrão usados pela gráfica. Converse com seu cliente e ofereça a possibilidade de adaptar seu material para o formato ideal, você pode cobrar por isso! E o que você vai cobrar pelo seu trabalho em adaptar a arte vai fazer o cliente economizar dinheiro com a gráfica. Mostre para ele o que ele ganha e o que ele perde com isso, com certeza ele vai querer economizar mais com impressão.

Gravarei um vídeo da série “Dia a dia na gráfica” para abordar mais sobre esse tema e de como desenvolver melhor uma arte aperfeiçoando o uso do formato de papel.

Você pode se aprofundar mais no assunto consultando os links abaixo.

Até breve!

Referencias:

http://www.graficaebrindes.com/formatos-e-aproveitamento-de-papel-na-producao-grafica.html

http://www.kacografica.com.br/perguntasfrequentes/downloads/tamanhos-formato_kaco.pdf

9 COMENTÁRIOS

  1. Nossa… deu ate fome ao ler esse texto… acho que vou sair devorando esses links de referencia um por um pra ver se passa XD
    muito grato pelo otimo conteudo que voces partilham. abraço

  2. Aquela sensação de que sua vida foi transformada! Ótimo texto. Como eu sou leigo no assunto, mas preciso aprender, fiquei com uma dúvida da tabela que você disponibilizou. Em todos os casos a mancha de impressão tem 2cm a menos no comprimento e largura em relação ao tamanho do papel. Então por exemplo, se eu usar o formato F9 no CorelDraw vou colocar o tamanho do papel em 22cm x 32cm, mas tenho que colocar uma margem de 1cm de cada lado do papel de forma que a área útil da folha seja 20cm x 30cm? Essa margem de 1cm já conta a sangria e a margem de segurança?

    • Lucas,
      Por enquanto esquece sangria e coisas do gênero.
      Essa tabela é o papel que vai levar a impressão toda.
      Quando você compra um panfleto 10×14 cm a gráfica junta outros 16 clientes e faz uma chapa única. O sangrado ao qual você se refere é para juntar esses clientes na chapa e ter alguma segurança ao cortar para separá-los.
      depois a grafica junta tudo e adiciona marcas de registro e de cores para rodar… esse conjunta é que vai ser rodado na offset… em tese só precisa reservar a margem de pinça (superior) que varia de máquina a maquina mas gira em torno de 0,5 cm… as outras laterais podem até sangrar um pouco (em geral fica uma areazinha sobrando de branco).
      Tentei achar uma imagem para te mostrar, mas está difícil… ve se essa dá para ver as barrinhas laterias (http://gulfscan.com/services/sheetfed-offset-printing/).
      Em resumo, se você tem uma imagem A4 sangrada para rodar, o papel deve caber o A4 sangrado + marcas de corte+ marcas de cores e registro+ o espaço da pinça.
      Então os 21×30 cm vai ficar com uns 22×31 cm e o papel vai ter que ter mais que isso.
      Ok? Abraços,

  3. Muito bom. Só fica uma coisa em dúvida. No Ilustrator quando fazemos sangria ele acrescenta para fora da página. Mas você acrescenta ela para dentro da página. Afinal a sangria deve fazer-se para que lado?

    • Oi Leal, a sangria de fato é para fora, no exemplo parece que ela foi adicionada para dentro pois estou usando o processo inverso, vindo de fora para dentro. Em todo caso, você precisa identificar o tamanho da área útil de impressão para poder descontar o espaço da sangria para melhor aproveitamento de papel. A sangria é adicionada externamente, para fora da arte depois de pronta considerando-se que ela já foi desenvolvida observando o tamanho correto do papel.

      Em muitos casos, quando o profissional de criação desconhece os padrões ou faz um material com um formato estranho (propositalmente) a sangria é adicionada normalmente (para fora) porém o desperdício de papel é inevitável.

      O que tentei abordar aqui foi a melhor maneira de se aproveitar 100% do papel, para isso eu fiz o calculo a partir do formato de impressão, bem maior do que o formato final, vindo de fora para dentro para aproveitar ao máximo o papel, mas é apenas uma questão de ordem.

      Espero que tenha conseguido entender.

      Um abraço!

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